Laudo confirma contaminação no Rio Perequê em Itapema
Multa à empresa responsável pelo tratamento de esgoto, pode chegar a R$ 50 milhões
Dagmara Spautz
A Fundação do Meio Ambiente (Fatma) confirmou no fim da tarde de
quarta-feira que as águas do Rio Perequê, entre Itapema e Porto Belo,
foram contaminadas por esgoto. Análises laboratoriais concluíram que a
poluição foi causada por despejo de efluentes sem tratamento adequado na
Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) operada pela empresa Águas de
Itapema, no Bairro Morretes. A empresa será multada pela Fatma. O valor,
ainda não definido, pode chegar a R$ 50 milhões.
O laudo levou em conta parâmetros como a quantidade de coliformes fecais e de matéria orgânica presentes no Rio da Fita, que recebe os efluentes de esgoto e desemboca no Perequê, além de amostras da estação de tratamento e do próprio Rio Perequê.
De acordo com os dados divulgados pela Fatma, a quantidade de matéria orgânica nas amostras recolhidas em pontos antes e depois da ETE saltou de 14,6 mililitros por litro para 160 mililitros por litro – um índice quase três vezes maior do que o permitido pela legislação ambiental.
– Vários indicadores foram analisados e mostraram que o tratamento está bastante fora dos parâmetros – diz Anderson Atkinson da Cunha, técnico da Fatma responsável pela fiscalização.
As amostras foram coletadas pelo órgão no dia 4, época em que moradores e turistas reclamavam do cheiro e da cor escura do Rio Perequê. Dias depois, peixes de diferentes espécies, como bagre, escrivão e tainhota apareceram mortos nas margens do rio e também nas praias de Perequê e Meia Praia, em Porto Belo e Itapema. Algo que, segundo o técnico da Fatma, também foi causado pela poluição.
Multas se repetem
Além
do auto de infração por despejo de esgoto sem tratamento adequado no
Rio da Fita, a Fatma também avalia a possibilidade de embargo da estação
de tratamento, caso o local não se adeque às exigências da legislação
ambiental. Em dezembro, a empresa Águas de Itapema já havia sido autuada
pelo órgão ambiental por irregularidades como presença de animais na
área de tratamento de esgoto e por operar sem licença. No dia 6, a
companhia também foi multada em R$ 500 mil pela Fundação Ambiental Área
Costeira de Itapema.
Apesar das denúncias, a Águas de Itapema mantém o silêncio. No início da noite de ontem, a assessoria de imprensa informou que a empresa ainda não recebeu o laudo da Fatma e que, por enquanto, não vai se manifestar.
Contaminação afeta o turismo
Desde
que surgiram os indícios de poluição no Perequê, nos primeiros dias do
ano, o setor de hospedagem registrou queda em Itapema e Porto Belo. Na
Praia de Perequê, imóveis à beira do mar estão sendo alugados por menos
da metade do preço.
– Temos imóveis que passaram de R$ 800 a diária para R$ 350. A temporada não está boa em lugar nenhum, mas o rio agravou a nossa situação _–diz Aldo José dos Santos, dono de uma imobiliária no Perequê.
Situação parecida enfrenta Vilmar Nisz, responsável pelos aluguéis em um condomínio com apartamentos de frente para a praia. As diárias, que deveriam ser de R$ 400, foram reduzidas para R$ 250. Mesmo assim está difícil encontrar interessados e um terço dos imóveis está vazio.
Presidente do Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes de Itapema e Região (Sindhoteis), José Maria Negreiros, diz que hotéis e pousadas nas praias atingidas pela contaminação do Perequê tiveram uma queda de 50% nas hospedagens feitas no balcão _ aquelas que não são acertadas com antecedência.
– Essa situação manchou a imagem da região – acredita.
Sem movimento, comércio demite
Dono
de um bar no canto Sul de Meia Praia, em Itapema, Fábio Vieira viu os
turistas debandarem e o rendimento cair enquanto o Perequê mostrava
sinais de contaminação. O cheiro de esgoto e a mortandade de peixes, que
veio logo depois, fez cair pela metade o movimento. Com menos clientes,
o comerciante reduziu de 10 para dois o número de garçons.
– Estava tudo indo bem, o pessoal ganhando seu dinheiro, mas não deu mais para manter tanta gente. O pessoal vê a praia interditada e não entra. Até quem mora na rua ao lado tem preferido ir para outros lugares – desabafa.
No outro lado do rio, na Praia de Perequê, Damásia Estela da Luz, que mantém um quiosque, também sentiu o movimento reduzir. Em 20 anos trabalhando à beira do mar, diz que nunca viu um movimento tão baixo nas primeiras semanas de janeiro.
– Fico preocupada que Porto Belo fique mal vista – diz.
Banhistas se arriscam
Ontem
à tarde, as faixas instaladas pela prefeitura de Itapema no Canto Sul
da Meia Praia, onde desemboca o Rio Perequê, continuavam alertando os
turistas para o risco de contaminação no local. Mesmo assim, houve quem
se arriscasse no mar e também no rio. Na areia, porém, o movimento era
bem menos intenso do que nos primeiros dias do ano.
Médico infectologista, Carlos Correa alerta que em locais contaminados por esgoto o banhista se expõe a doenças como hepatite e diarreia.
– Se ingerir a água, pode estar ingerindo junto bactérias e coliformes. Não é recomendado – diz o médico.
Turista de Sarandi (RS), Marlene Gnoatto passeou pela areia ontem, mas evitou a água do Perequê.
– Acho que pode prejudicar o turismo, o fato de se encontrar parte da praia interditada – opina.
Prefeito de Itapema, Rodrigo Bolinha (PSDB) disse estar ciente da situação, e preocupado com as consequências:
– Além do dano ambiental, que não tem preço, também temos um sério prejuízo sócioeconômico para a região – avalia.
O laudo levou em conta parâmetros como a quantidade de coliformes fecais e de matéria orgânica presentes no Rio da Fita, que recebe os efluentes de esgoto e desemboca no Perequê, além de amostras da estação de tratamento e do próprio Rio Perequê.
De acordo com os dados divulgados pela Fatma, a quantidade de matéria orgânica nas amostras recolhidas em pontos antes e depois da ETE saltou de 14,6 mililitros por litro para 160 mililitros por litro – um índice quase três vezes maior do que o permitido pela legislação ambiental.
– Vários indicadores foram analisados e mostraram que o tratamento está bastante fora dos parâmetros – diz Anderson Atkinson da Cunha, técnico da Fatma responsável pela fiscalização.
As amostras foram coletadas pelo órgão no dia 4, época em que moradores e turistas reclamavam do cheiro e da cor escura do Rio Perequê. Dias depois, peixes de diferentes espécies, como bagre, escrivão e tainhota apareceram mortos nas margens do rio e também nas praias de Perequê e Meia Praia, em Porto Belo e Itapema. Algo que, segundo o técnico da Fatma, também foi causado pela poluição.
Apesar das denúncias, a Águas de Itapema mantém o silêncio. No início da noite de ontem, a assessoria de imprensa informou que a empresa ainda não recebeu o laudo da Fatma e que, por enquanto, não vai se manifestar.
– Temos imóveis que passaram de R$ 800 a diária para R$ 350. A temporada não está boa em lugar nenhum, mas o rio agravou a nossa situação _–diz Aldo José dos Santos, dono de uma imobiliária no Perequê.
Situação parecida enfrenta Vilmar Nisz, responsável pelos aluguéis em um condomínio com apartamentos de frente para a praia. As diárias, que deveriam ser de R$ 400, foram reduzidas para R$ 250. Mesmo assim está difícil encontrar interessados e um terço dos imóveis está vazio.
Presidente do Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes de Itapema e Região (Sindhoteis), José Maria Negreiros, diz que hotéis e pousadas nas praias atingidas pela contaminação do Perequê tiveram uma queda de 50% nas hospedagens feitas no balcão _ aquelas que não são acertadas com antecedência.
– Essa situação manchou a imagem da região – acredita.
– Estava tudo indo bem, o pessoal ganhando seu dinheiro, mas não deu mais para manter tanta gente. O pessoal vê a praia interditada e não entra. Até quem mora na rua ao lado tem preferido ir para outros lugares – desabafa.
No outro lado do rio, na Praia de Perequê, Damásia Estela da Luz, que mantém um quiosque, também sentiu o movimento reduzir. Em 20 anos trabalhando à beira do mar, diz que nunca viu um movimento tão baixo nas primeiras semanas de janeiro.
– Fico preocupada que Porto Belo fique mal vista – diz.
Médico infectologista, Carlos Correa alerta que em locais contaminados por esgoto o banhista se expõe a doenças como hepatite e diarreia.
– Se ingerir a água, pode estar ingerindo junto bactérias e coliformes. Não é recomendado – diz o médico.
Turista de Sarandi (RS), Marlene Gnoatto passeou pela areia ontem, mas evitou a água do Perequê.
– Acho que pode prejudicar o turismo, o fato de se encontrar parte da praia interditada – opina.
Prefeito de Itapema, Rodrigo Bolinha (PSDB) disse estar ciente da situação, e preocupado com as consequências:
– Além do dano ambiental, que não tem preço, também temos um sério prejuízo sócioeconômico para a região – avalia.