sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Cerca de 30 manifestantes empunhando cartazes cobraram uma solução pra seca na city. Também querem o fim da poluição dos rios

Em Itapema, enquanto falta água nos bairros Morretes e Meia Praia, onde os moradores não têm água nem pra cozinhar, o povo que frequenta a praia central toma chuveirada à vontade na orla. A secura já dura dias nos bairros e representantes de associações de moradores e ambientalistas fizeram um berreiro na tarde de ontem. Eles fecharam a ponte sobre o rio Perequê pra cobrar uma atitude das autoridades pra falta de água e também referente à poluição dos rios da city, onde se joga merda in natura. Mais tarde, foi a vez do calçadão da Meia Praia receber os manifestantes. A concessionária responsável pelo serviço de abastecimento, Conasa Águas de Itapema, a cada dia aponta um problema diferente pra justificar a falta d’água. Por outro lado, a prefa diz que esses problemas já rolaram em novembro e culpa a empresa pela falta de investimento e manutenção de equipamentos. 
Cerca de 30 pessoas empunharam cartazes reclamando da falta d’água e cobrando políticas de preservação do meio ambiente, por volta das 16h de ontem, na ponte do rio Perequê, que fica na divisa de Itapema e Porto Belo. Eles fechavam a avenida Nereu Ramos por poucos minutos e voltavam a liberar o trânsito. Segundo a presidenta da associação dos Moradores do Centro (Amic), Beatriz Kletke, a manifestação foi feita pra chamar a atenção dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) sobre o perrengue, porque além da secura, os moradores preveem uma tragédia ambiental parecida com a que aconteceu no verão passado, quando milhares de peixes morreram por conta do vazamento de cocô concentrado no rio. 
“Itapema sobrevive do turismo. Se nós bobearmos, daqui a pouco o turista não vai querer mais voltar”, comenta Beatriz, que é corretora de imóveis e tá morrendo de vergonha dos clientes que tão sem água há dias. “Eu vendi uma imagem de uma Itapema maravilhosa, mas desde quando uma cidade turística sem água vai te trazer férias tranquilas?”, questiona. “Nós queremos uma Itapema com vida, como se fosse um paraíso. Mas pra isso precisa ter água pura e esgoto tratado”, bufa, denunciando que os rios e riachos da city estão poluídos com esgoto doméstico e industrial. A vigilância Sanitária só tem dois fiscais pra bizolhar uma cidade que chega a abrigar 500 mil habitantes no verão.
Rios agonizando O presidente da associação dos moradores de Meia Praia, Clovis Techio, andou visitando os mangues do rio Perequê e se assustou com o que viu. Pra ele, é uma questão de tempo pros peixes que já estão mortos desembocarem na praia. Basta o aumento das chuvas. “Eram 74 pontos de esgoto clandestino no rio Perequê, e esse número aumentou. O mangue está praticamente morto”, denuncia. 
A manifestação saiu da ponte do rio Perequê e seguia pelo calçadão da Meia Praia. Os manifestantes foram muito bem recebidos pelos turistas e até usaram o sistema de som pra explicar o que estavam fazendo. Os bocudos estão organizando outra manifestação, mas desta vez em frente àprefa. Eles também cogitaram brecar a BR-101.
Vereadores vão cobrarO vereador Vanio Cesar (PT) também deu as caras na manifestação. Pra ele, a prefa tem que dar uma posição pra sociedade. Ele também cobrou uma atitude da agência reguladora Intermunicipal de Saneamento (Aris) uma fiscalização maior dos serviços da Conasa Águas de Itapema. Ele lembrou que um relatório foi feito pela comissão de Água e Esgoto, presidida pelo vereador Magnus Guimarães (PDT), apontou vários problemas, mas o documento estaria parado na mesa do prefeito Rodrigo Bolinha (PSDB). “Vamos tentar nos reunir com os outros vereadores na segunda-feira, pra ver o que a gente pode fazer para acabar com esse problema, que repercute negativamente no turismo da nossa cidade”, comenta Vanio. 
Desde o Natal, moradores e turistas de Itapema têm enfrentado a secura nas torneiras, principalmente nos bairros Meia Praia e Morretes. A cada queda no abastecimento, a Conasa Águas de Itapema relatava um problema. No dia 27, foi uma calha que quebrou na estação de tratamento. No dia primeiro, foi uma bomba e ontem houve um rompimento em uma adutora.
Perrengues são antigosA prefa mandou um comunicado através da assessoria de imprensa, no qual afirma que esses perrengues são antigos e foram detectados em novembro pela agência reguladora Intermunicipal de Saneamento (Aris), responsável por fiscalizar os serviços da Águas de Itapema. No dia 30, técnicos da Aris vistoriaram a empresa e confirmaram o que já era previsível: não houve investimento nem manutenção nos equipamentos da empresa, pois as bacias que servem de reservatório estão cheias. Uma nova vistoria está marcada para os próximos dias. “Infelizmente, estamos nos deparando com um sistema [de abastecimento] antigo e que não atende as necessidades de Itapema. É isso que estamos tentando provar”, comentou o prefeito Bolinha.