Nativos querem ressuscitar a Farra do Boi
17 anos depois da proibição, ainda é forte a tradição no seio das primeiras comunidades açorianas de Santa Catarina
Foto aérea da Farra de Boi no Pontal Norte da Praia de Tijucas, em 1968
O fim da Farra de Boi
Animal machucado na Farra de Boi de Bombinhas na semana passada
Desde 1997 a Farra do Boi foi proibida em todo o Estado de Santa Catarina, após inúmeras denúncias e uma grande campanha de conscientização por partes dos ecologistas e da Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA, na sigla em inglês). O argumento dos participantes da festa foi o de que a Farra acontecia para manter a cultura e o folclore da região.
A festa acontecia frequentemente na época da Páscoa, quando milhares de bois eram soltos durante toda a Quaresma. Fala-se em tortura, mas essa acusação é infundada quando é generalizada. Em Tijucas, por exemplo, desde os anos 60 a Farra de Boi era muito disciplinada e triste daquele que inventasse de machucar o animal. A farra era realmente do boi e quem se aventurasse a dar uma de toureiro o fazia por sua conta e risco.
Gente sem conhecimento de causa divulgou por aí que o suplício dos animais começava uma semana antes de serem soltos, quando o boi era isolado e deixava de ser alimentado. Que eram colocadas comida e água perto dele, de forma que pudesse ver, sem poder alcançar, ficando desesperado. Esses pseudo-sociólogos dizem ainda que no dia da Farra, o boi é solto pelas ruas, onde as pessoas aguardam, portando, com os mais variados instrumentos para ferir o boi, como por exemplo, pedaços de pau, pedras, chicotes, facas, cordas e lanças, além de outras formas utilizadas para ferir o animal, de forma que, somente ao perceber que o boi estava próximo de morrer, os farristas o matavam e dividiam a carne. A crueldade costuma acabar com um churrasco.
Muita criatividade realmente para quem nunca viu uma Farra de Boi.
A festa acontecia frequentemente na época da Páscoa, quando milhares de bois eram soltos durante toda a Quaresma. Fala-se em tortura, mas essa acusação é infundada quando é generalizada. Em Tijucas, por exemplo, desde os anos 60 a Farra de Boi era muito disciplinada e triste daquele que inventasse de machucar o animal. A farra era realmente do boi e quem se aventurasse a dar uma de toureiro o fazia por sua conta e risco.
Gente sem conhecimento de causa divulgou por aí que o suplício dos animais começava uma semana antes de serem soltos, quando o boi era isolado e deixava de ser alimentado. Que eram colocadas comida e água perto dele, de forma que pudesse ver, sem poder alcançar, ficando desesperado. Esses pseudo-sociólogos dizem ainda que no dia da Farra, o boi é solto pelas ruas, onde as pessoas aguardam, portando, com os mais variados instrumentos para ferir o boi, como por exemplo, pedaços de pau, pedras, chicotes, facas, cordas e lanças, além de outras formas utilizadas para ferir o animal, de forma que, somente ao perceber que o boi estava próximo de morrer, os farristas o matavam e dividiam a carne. A crueldade costuma acabar com um churrasco.
Muita criatividade realmente para quem nunca viu uma Farra de Boi.
Justiça para o boi
O Supremo Tribunal Federal estipulou multas diárias para o governo coibir a Farra de Boi. Consequentemente, o Estado que é carente de policiais espalha centenas de homens desde Barra Velha até Imbituba para evitar a passagem de bois nas cidades litorâneas, enquanto as famílias catarinenses ficam a mercê dos bandidos. Além dos policiais o governo ainda é forçado a pagar hora extra para técnicos e veterinários da Cidasc, que sacrificam todos os animais apreendidos e depois “inutilizam” a carne. Um verdadeiro contra senso.
Inconformados com a ação da Justiça, farristas de todo o litoral catarinense enfrentam a polícia e as leis para cultivar a tradição. Nesses primeiros dias de Quaresma foram registradas várias ocorrências na região da Costa Esmeralda e até do Vale do Rio Tijucas.
O centro de Bombinhas foi um dos palcos escolhidos pelos adeptos da brincadeira para agitar a cidade. Um boi nelore de 350 quilos foi solto e logo começou a pipocar telefonemas para a Polícia Militar e Cidasc, que em pouco tempo compareceram ao local e acabaram com a festa. O boi foi levado sabe-se lá para onde.
Semelhantes fatos foram registrados em Itapema e Porto Belo e em outras praias de Bombinhas. No Canto Grande um outro boi nelore foi capturado, com cerca de 300 quilos. No bairro Várzea, Itapema, o animal pesava meia tonelada e também foi sacrificado pela polícia e Cidasc. Em Governador Celso Ramos a polícia já perdeu a conta das denúncias sobre a soltura de animais, porém a maioria dos episódios o boi e os farristas simplesmente desaparecem nas praias.
Independente do local e da apreensão de animais, o interessante é que a polícia até agora não prendeu ninguém. E é essa coincidência que está motivando muitos farristas a organizarem um abaixo assinado para ingressar com um projeto de lei regulamentando a brincadeira, nem que seja apenas para mangueirões. A maior dificuldade encontrada é o fato de que os ambientalistas estão espalhando a tese de que quem assinar o projeto de lei pode se complicar futuramente por “apologia aos maus tratos contra os animais”.
O Supremo Tribunal Federal estipulou multas diárias para o governo coibir a Farra de Boi. Consequentemente, o Estado que é carente de policiais espalha centenas de homens desde Barra Velha até Imbituba para evitar a passagem de bois nas cidades litorâneas, enquanto as famílias catarinenses ficam a mercê dos bandidos. Além dos policiais o governo ainda é forçado a pagar hora extra para técnicos e veterinários da Cidasc, que sacrificam todos os animais apreendidos e depois “inutilizam” a carne. Um verdadeiro contra senso.
Inconformados com a ação da Justiça, farristas de todo o litoral catarinense enfrentam a polícia e as leis para cultivar a tradição. Nesses primeiros dias de Quaresma foram registradas várias ocorrências na região da Costa Esmeralda e até do Vale do Rio Tijucas.
O centro de Bombinhas foi um dos palcos escolhidos pelos adeptos da brincadeira para agitar a cidade. Um boi nelore de 350 quilos foi solto e logo começou a pipocar telefonemas para a Polícia Militar e Cidasc, que em pouco tempo compareceram ao local e acabaram com a festa. O boi foi levado sabe-se lá para onde.
Semelhantes fatos foram registrados em Itapema e Porto Belo e em outras praias de Bombinhas. No Canto Grande um outro boi nelore foi capturado, com cerca de 300 quilos. No bairro Várzea, Itapema, o animal pesava meia tonelada e também foi sacrificado pela polícia e Cidasc. Em Governador Celso Ramos a polícia já perdeu a conta das denúncias sobre a soltura de animais, porém a maioria dos episódios o boi e os farristas simplesmente desaparecem nas praias.
Independente do local e da apreensão de animais, o interessante é que a polícia até agora não prendeu ninguém. E é essa coincidência que está motivando muitos farristas a organizarem um abaixo assinado para ingressar com um projeto de lei regulamentando a brincadeira, nem que seja apenas para mangueirões. A maior dificuldade encontrada é o fato de que os ambientalistas estão espalhando a tese de que quem assinar o projeto de lei pode se complicar futuramente por “apologia aos maus tratos contra os animais”.
Jornal Razão