Taxista passa por momentos de terror entre Itajaí e Porto Belo
Durante mais de duas horas, na madruga de ontem, o taxista Leandro Rodrigo de Freitas, 42 anos, que trampa no ponto da rodoviária de Itajaí, viu um filme de terror diante dos olhos. Ele foi assaltado por três homens, um deles armado, enquanto fazia uma corrida pela BR-101. Pouco depois do pedágio de Porto Belo, foi obrigado a entrar no porta-malas do veículo, onde virou passageiro da agonia na mão dos caras.
Pra deixar a situação ainda mais tensa, os bandidos chegaram a tirar a chave do carro em movimento. No controle do veículo, os assaltantes deram cavalo de pau, assaltaram uma mulher e, surpreendentemente, saíram sem levar um tostão de Leandro. “Um deles bateu no porta-malas e me mandou sair. Disse que já estavam indo embora e que a chave tava no banco do carro”, contou o motorista de praça ontem à tarde, ao DIARINHO.
O trio pediu a corrida por telefone, por volta das 22h. Alegaram que queriam chegar a Florianópolis, mas só tinham R$ 190. “Eu disse que, por esse valor, os deixaria na rodoviária de Biguaçu”, lembra. Outra condição era que o valor teria de ser pago adiantado. “Também deixei claro que, antes de pegar a estrada, eu voltaria à rodoviária pra deixar o dinheiro da corrida”, acrescenta o taxista.
Tudo rolou conforme o combinado até a descida do morro do Boi, já em Itapema, quando Leandro percebeu os primeiros sinais de encrenca a bordo. “O homem que foi comigo no banco da frente pediu que eu parasse no posto mais próximo, pois tava com sede e queria comprar um cigarro e um cerveja”, lembra. Leandro, contudo, passou por dois postos, sem parar.
Cinco quilômetros depois de passar pelo pedágio de Porto Belo, o motorista levou o primeiro susto. O assaltante que tava no banco do carona enfiou a mão na chave, virou e a retirou da ignição, com o veículo em movimento. “Eu devia estar a uns 90 ou 100 quilômetros por hora. Os faróis apagaram na hora”, conta, ainda assustado e incrédulo.
O mesmo criminoso que retirou a chave da ignição gritou, em seguida, pra ele encostar o carro. “Tu tá guentado, encosta o carro, encosta o carro”, esbravejou. Sem entender nada, Leandro o advertiu de que o carro tava sem chave. “Foi então que um dos que estavam atrás mostrou uma arma pra mim”, narra o motorista.
O taxista freou, parou o carro no acostamento e foi “convidado” a entrar no porta-malas do veículo. A partir daí, viveu um pesadelo às escuras. “Eles dirigiram muito rápido, davam cavalos de pau”, lembra a vítima, que é pai de dois filhos, uma menina de cinco e um adolescente de 14 anos. “Eu só pensava neles, na minha família, que eu talvez não voltasse pra casa. Passou um filme na minha cabeça”, comenta.
Leandro foi libertado na rua Anastácio José Mendes, no bairro Cidade Nova, em Itajaí, quando um dos assaltantes bateu no porta-malas e o liberou do cativeiro. “Ele disse: ‘Ô, taxista, já pode ir embora, que eu vou deixar a chave em cima do banco, pra tu não voltar a pé’”, lembra, ainda abalado. A própria vítima abriu o porta-malas, acionando a trava de segurança, por dentro. Nem a carteira nem o celular dele foram levados. Essa foi a primeira vez que Leandro sofreu um assalto.
Assaltaram mulher na volta
Apesar de não ter levado nada de Leandro, os três assaltantes fizeram uma vítima enquanto retonaravam a Itajaí, já com o cara dentro do porta-malas. Segundo a polícia Militar, eles pararam o táxi num posto de combustível na marginal Leste, em Balneário Camboriú, e atacaram uma mulher. Ao todo, levaram R$ 500, as chaves do Honda Civic dela, óculos, um celular e os documentos pessoais da coitada.
Sindicalista diz que falta segurança
Procurado pelo DIARINHO, o presidente do sindicato dos Taxistas de Itajaí, Orli Antônio Pacheco, o Lico, reclamou da falta de segurança, especialmente nas proximidades da rodoviária peixeira. “Se tivesse policiamento no terminal, certamente isso não ocorreria”, carca.
(Diarinho)